Essa é uma lenda que eu acho muito intrigante. Pois apesar de ser uma tragédia, a india conquistou, de certo modo o que almejava.
Ok, antes de dar spoiler, vamos a lenda!
Tem origem Tupi-Guarani, onde a história conta que no começo do mundo, se a Lua (Deusa Jaci) gostava de uma jovem, a transformava em estrela.
A india Naiá, era encantada com a história. Todas as noites, quando todos iam dormir, Naiá subia as colinas, ia para campos abertos, na expectativa de ser notada por Jaci.
Fez isso por muito tempo, ficava chateada porque a Lua não a notava. Certa noite, esperando Jaci, Naiá deitou a beira do rio e adormeceu. Quando acordou, viu o reflexo da Lua nas águas. Mas não percebeu que era o reflexo, e pelo tamanho da imagem concluiu que finalmente a Lua estava a seu caminho. Então, Naiá se jogou na agua e se afogou.
Jaci quando descobriu o que tinha acontecido, resolveu transformá-la em uma estrela diferente, a “Estrela das Águas”! A planta vitória régia, tem flores brancas que se abrem ao anoitecer e ao nascer do sol ficam rosadas. Ela tambem é conhecida pelos nomes: Uapé, Iapucacaa, Aguapé-assú ou Nampé. As folhas podem chegar a medir 2,5 metros de diâmetro. E Conseguem suportar até 50kg!
Você deve estar se perguntando porque o nome da planta que não tem nada de brasileiro, né? Bem, o primeiro registro da planta de forma cientifica foi feito pelo ingles, John Lindley em 1837. Que deu o nome da planta em homenagem a Rainha Vitoria.
O poeta Yuri Coloneze criou um poema sobre a lenda, confira:
A amazônica flor das águas calmas (Yuri Coloneze)
Abençoada terra amazônica
Fauna e flora em sintonia de orquestra sinfônica
A lua faz essa floresta tão harmônica
Busca na natureza um par para nova crônica
Jaci é o seu nome!
Ser que faz da beleza a sua própria fome
E nessa indígena história
Morena mulher se encanta com a lenda em feitio de memória
Naiá estava tão apaixonada
Pelo branco brilho da lua iluminada
Nenhum indígena encontrava chance
Ela já sonhava com tão aguardado romance
Almejava tanto que Jaci estivesse em seu alcance
Mas Jaci a tratou com ignorância
E morena mulher definhou com tamanha petulância
Mas jamais perdeu a resistência
Acreditar nesse amor era parte de sua própria essência
O intenso cansaço a fez cair ao lado de um igarapé em bela paisagem
Quando acordou, Naiá acreditou que o reflexo de doce água era finalmente o seu sonho em forma de pura miragem
Ela acreditou e em profundas águas se jogou
A morte de Naiá finalmente chegou
E um culpado Jaci respondeu ao trágico sacrifício
O destino dela não era um fim, mas apenas um novo início
Apesar de Naiá não ser estrela a brilhar na constelação
Seu sonho se transformou em verde ofício
Refletir o clarão da lua como sagrada consolação
Ser a estrela das águas calmas seria sua eterna vantagem
E assim Naiá faz da vitória régia a sua própria semelhança e imagem!
Encontrei também está canção:
Referências para colocar no post:
http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/05/tipica-da-amazonia-vitoria-regia-encanta-pesquisadores-e-turistas.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-78602018000200945
https://clubedapipoca.com/blog/pipoca-de-vitoria-regia/
Regiao amazonica e a Vitoria Regia – https://youtu.be/wyD2rajkyCA?list=TLPQMDUwMzIwMjEeiCrlr6GDyw&t=49
Partes comestiveis da planta: https://youtu.be/zJ47tP1v8r0?list=TLPQMDUwMzIwMjEeiCrlr6GDyw&t=180
Restaurante que faz espaguete de Vitoria Regia https://youtu.be/XIlcFWgmh6g?list=TLPQMDUwMzIwMjEeiCrlr6GDyw&t=366
ARAÚJO, Alceu Maynard. Brasil folclore; histórias, costumes e lendas. Editora Três, 1982.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S. A.
HORTA, Carlos Felipe de Melo Marques (Org.). O grande livro do folclore. Leitura, 2000.
RIBEIRO, José. Brasil no folclore. Rio de Janeiro: Editora Aurora, 1970.
SALERNO, Silvana Viagem pelo brasil em 52 histórias